sexta-feira, 11 de julho de 2008

As Relações Públicas pelo mundo.

sexta-feira | 11 de julho de 2008

P
or Mariana Marchant, Natali Soza, Roger Cruz e Thirza Moreira, estudantes de Relações Públicas da UFRGS


Também servimos cafezinho em outros países?

Que a profissão de Relações Públicas ainda não possui uma ampla difusão de suas atividades no Brasil todos sabem. Que apenas nos últimos anos as empresas começaram a se dar conta da importância deste profissional para o bom funcionamento dos relacionamentos com seus diversos públicos, também. Agora, fora do Brasil, onde a profissão já existe há bem mais tempo, será que a situação no mercado é diferente da brasileira? Como as oportunidades funcionam no exterior? Como a profissão de Relações Públicas é vista fora do Brasil?

Na Argentina, onde o fabicano Luís Augusto Maffini está realizando intercâmbio na Universidad Nacional de Entre Rios – UNER - neste semestre, há uma confusão entre a profissão de Relações Públicas e a função de comunicador. Não há nenhuma legislação que delimite e aponte as atividades do Jornalista, do Publicitário e do Relações Públicas. Não é exigido nenhum registro profissional para desempenharem suas funções. O estereótipo de que qualquer um pode fazer comunicação nas organizações ou nos meios de comunicação é mais forte na Argentina do que no Brasil. Também é muito comum depois de formados, os RRPP trabalharem como promoters de casas noturnas, academias de ginástica, situação não muito diferente daqui. Até mesmo nos cursos não há uma unificação com o nome e o conteúdo oferecido. Na UNER, por exemplo, não há o curso de Relações Públicas e nem de Publicidade e Propaganda. As habilitações do curso de comunicação são: Periodismo; Comunicación y Procesos Culturales e Comunicación y Educación. Na Argentina não são usadas as mesmas terminologias e programas semelhantes, o que torna ainda mais confuso o papel e a função do profissional quando sai da universidade.

Luís Augusto está cursando disciplinas que são válidas para o curso da UFRGS de RRPP, e estão inseridas na habilitação de Comunicación y Procesos Culturales, que são: Historia das Idéias Econômicas, Sociais e Políticas; Problemas Contemporâneos em Comunicação Institucional e Comunicação e Cultura. As leituras exigidas são bastante densas, e os autores trabalhados são conhecidos somente na pós-graduação brasileira. Todos os cursos de pós-graduação - especialização, mestrado e doutorado - são pagos.

O sistema de ensino superior mostra-se bem diferente do brasileiro. Existem universidades públicas e privadas, como no Brasil, a diferença é que qualquer pessoa que termine o segundo grau pode se inscrever na universidade pública, não há vestibular ou nenhum outro exame seletivo. Isso acarreta um grande número de profissionais no mercado, sendo, portanto um nicho bem competitivo. Independente da procura por determinado curso, a legislação nacional se compromete em abrigar a demanda e proporcionar o estudo gratuito a qualquer cidadão. Ingressando na universidade pública, é feito um ano de curso de nivelamento da turma, com disciplinas de Ensino Médio. Aqueles que nas avaliações atingirem a média estipulada pela faculdade, que pode ser cinco, seis ou sete, iniciam as matérias da graduação elegida, independente de serem, dez, cinqüenta ou todos os alunos que atingiram esse mínimo.

Outro ponto onde os hermanos estão muito à frente do Brasil é em relação ao custo de vida de um estudante. Nenhum livro e outros materiais pedagógicos, por lei federal, são taxados por impostos. O preço das cópias e de transporte público, por exemplo, é a metade do Brasil.

A profissão na Europa

Já a Relações Públicas Erica Machado apresenta uma outra imagem do profissional na Europa. Formada na Fabico em 2007 e pós-graduada em Public Relations Management (Gerenciamento de Relações Públicas) na Leeds Metropolitan University, na cidade de Leeds na Inglaterra, afirma que a área de Relações Públicas na Inglaterra está bem desenvolvida. Sustenta ser difícil até traçar uma comparação deste cenário com o brasileiro, tal é a distinção de atuação do profissional entre os dois países. A participação do profissional de Relações Públicas é fortemente valorizada por lá, atuando tanto nas estratégias de negócios, valorização da marca, como em funções de comunicação interna e outras estratégias de diálogo com outros públicos: responsabilidade social e atividade política. Enquanto isso, no mercado brasileiro, insiste-se em nomear de Marketing toda função que seja de diálogo, comunicação. Ainda que muitos digam não importa a nomenclatura, mas sim o perfil do profissional que é procurado, ainda é questionada se esta falta de cargos de Relações Públicas é desconhecimento do que o profissional realiza, ou uma falta de valorização para o papel estratégico que exercemos, afirma a profissional, que voltou da Europa em agosto deste ano e está analisando propostas para reingresso no mercado brasileiro.

Cita também a oportunidade de participar do webinar Towards a new global Public Relations (Para uma nova Relações Públicas global) ministrado por James Grunig, Anne Gregory e outros profissionais. Destaca alguns pontos:

Na Europa as Relações Públicas são praticadas há 150 anos. No entanto a definição de conceitos e modelos da atividade na Europa somente iniciou em 1998, com os trabalhos de Dejan Vercic – pesquisador premiado em 2001, com a medalha Alan Campbell Johnson – do Instituto de

Relações Públicas do Reino Unido.

Ainda existe uma sensível diferença do modelo de RP praticado nos EUA para o modelo Europeu, a Inglaterra tende a desenvolver uma visão mais social da profissão.

A Inglaterra é a principal indústria de Relações Públicas na Europa. Buscando traçar um perfil mais detalhado da visão do profissional, Anne Gregory, professora da Leeds Metropolitan University, desenvolveu uma pesquisa em 2003, intitulada Patterns of successful PR among Britain’s Most Admired companies and public sector organizations (Modelos de Relações Públicas bem sucedidos entre as empresas britânicas mais admiradas e organizações do setor público). Foram 200 questionários distribuídos entre os mais conceituados profissionais na Grã-Bretanha, incluindo instituições públicas e privadas. Os resultados explicitam a valorização da atividade no país:

34% do setor privado e 5% do setor público investem mais de um milhão de libras esterlinas (quatro milhões de reais) por ano em atividades de Relações Públicas.64% dos RRPP entrevistados se reportam diretamente ao CEO (Chief Executive Organization), quase metade está na direção.

A principal atividade para o profissional no setor privado é reporte financeiro, seguido por controle de crises, tendo em terceiro lugar o controle da imagem e reputação da empresa. No setor público, proteção de imagem vem em primeiro lugar, repetindo o segundo lugar (controle de crises) e terceiro fica com relacionamento com a mídia.

Segundo a mesma professora, os comunicadores de corporação estão crescendo em poder e prestígio:

Quase metade é membro da direção.

A maioria tem freqüente acesso ao CEO e tem liberdade para se reportar diretamente aos líderes da empresa.

A maior parte dos orçamentos de comunicação é mantida ou aumentada anualmente.

Segundo Carlos Eduardo Mestieri, no livro Relações Públicas: Arte de Harmonizar Expectativas, o mercado está propício para a nova era de desenvolvimento das Relações Públicas, porém a competição é cada vez maior e hoje, mais do que nunca, o mercado passa a exigir competência e conhecimento multidisciplinar, isso em qualquer lugar ou país em que exista o mercado de Relações Públicas.

Pode-se concluir que a maturação de ferramentas de gestão e das próprias Relações Públicas é inerente à própria maturação de mercados e do perfil cultural dos países em análise. Ao observar a imagem da profissão na Inglaterra, nota-se por trás disso um mercado desenvolvido, lapidado desde as Revoluções Industriais no século XVIII. Não se pode exigir que no Brasil ou mesmo na Argentina, de industrialização e crescimento comercial recente, exista o mesmo nível de compreensão da profissão, como citado na Inglaterra e também nos Estados Unidos, outro pólo de destaque da profissão.

Enquanto alguns reclamam que a profissão não é valorizada no Brasil, outros agem para se tornarem competitivos neste cenário. A quantidade de tempo despendido em reclamações minha mãe não sabe o que faço é proporcional ao tempo que se perde para questionar: o que será feito para melhorar essa questão e fazer que a profissão seja devidamente reconhecida?. O futuro dependerá da visão daqueles de atuam na área e os estudantes, como profissionais em formação, devem observar esse desconhecimento da atividade como um ambiente de oportunidades, de possibilidade de crescimento e não como um problema existencial.

5 comentários:

Tiago Zaniratti 19 de julho de 2010 às 10:55  

Realmente, enquanto não tomarmos conta de dizer que somos Relações Públicas, ao invés de dizer que somos coordenadores de qualquer-coisa-de-bla-bla-marketing a coisa não muda. Se existe realmente um desconhecimento da profissão e das funções de Relações públicas por parte do mercado brasileiro, deve existir também uma deficiência dos profissionais em marcar suas posições.

Ocappuccino.com 19 de julho de 2010 às 20:15  

Tiago, lê essa aqui. Estava ouvindo o rádio neste final de semana. Estava ouvindo o programa Sofa Bandeirantes, apresentado pelo jornalista Eduardo ou Marcelo Galvão, não lembro. O que interesse é que ele fazia uma entrevista com o Datena. Não quero entrar em mérito da pessoa Datena (que não me agrada nenhum pouco), mas a questão é que ele quando questionado se era um homem de difícil relação, ele falou: "Não sou candidato a nada, não sou político, também não sou Relações Pùblicas para ficar rindo para todo mundo". Isso me preocupou muito, porque me caiu a ficha que é esta imagem que muitos profissionais esclarecidos tem da nossa profissão.

Valeu pelo comentário
Mateus
@ocappuccino

Tiago Zaniratti 20 de julho de 2010 às 09:00  

É Mateus, e se pensas que essa distorção medonha da profissão de Relações Públicas é privilégio dos "macacos velhos" colegas da comunicação, triste engano. Tem muito profissional novo, recém saído do forno que não faz idéia do papel do Relações Públicas, e por desinformação ou conforto deixa-se levar por esse tipo de declaração infeliz para construir seus conceitos, que dificilmente mudarão ao longo da vida.
Insisto, que o reconhecimento do profissional, no que cabe a nós, depende de assumirmos a nossa posição em cada pequeno ato. Nas assinaturas de e-mail, identificar-se como Relações Públicas, até assinar com o número do conselho, se os médicos e advogados o fazem por obrigação, porque não podemos fazer para verem que ali há um profissional responsável? E quando for apresentado como jornalista, publicitário ou o “cara do marketing”, seja elegante, corrija; diga, “sou o fulano, Relações Públicas”. Não costumo recorrer à poesia para justificar meus argumentos, mas me parece muito interessante o que o Fernando Pessoa escreveu:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Se formos tudo em cada mínima coisa que fazemos, talvez o reconhecimento seja conseqüência. Pois em cada coisa que fazemos, somos Relações Públicas e não adianta negar ou esconder.

Tiago Zaniratti
Relações Públicas ;)

@tiagozaniratti

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