Empreendedorismo: que bicho é esse?
Por Fernando Gomes e Rafael Achutti, estudantes de Relações Públicas da UFRGS
A frase de George Bernard Shaw define muito bem o que é o espírito empreendedor: Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: Por quê?. Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: Por que não?
O empreendedorismo tem sido a saída mais rápida e prática para solucionar a crise de emprego. Mas será que realmente é a melhor saída?
Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos mostram que o sucesso nos negócios depende principalmente de nossos próprios comportamentos, características e atitudes, e não tanto do conhecimento técnico de gestão quanto se imaginava até pouco tempo atrás. No Brasil, apenas 14% dos empreendedores têm formação superior e 30% sequer concluíram o ensino fundamental, enquanto que nos países desenvolvidos, 58% dos empreendedores possuem formação superior. Quanto mais alto for o nível de escolaridade de um país, maior será a proporção de empreendedorismo por oportunidade.
Conversando com diversos alunos, ex-alunos e professores da Fabico, descobrimos que o empreendedorimo fabicano existe, mas na maioria das vezes só é descoberto após a conclusão do curso, quando se tem que optar pelo trabalho assalariado ou pelo próprio negócio. Para Fernanda Vier sócia da agência Doxxa e Presidente da Associação dos Jovens Empresários de Porto Alegre, ser empregado também tem risco, mas se não der certo, a pessoa recebe os direitos todos e vai atrás de um novo emprego”.
O ex-fabicano e agora Professor, Alan Lenz, aponta três opções para quem se forma na Fabico: 1) ser empregado de alguma empresa privada ou do governo, através de concurso público, garantindo estabilidade; 2) abrir o próprio negócio ou 3) trocar de profissão.
Mas a terceira alternativa dada pelo Professor Alan não significa que os anos de faculdade foram em vão. É o que mostra o exemplo de Guilherme Carlin, hoje jornalista e dono da Chica Cachaça Artesanal. Segundo Carlin, atualmente em Porto Alegre há um nicho de mercado estabelecido por nós onde existem pouquíssimos concorrentes com produtos similares (cachaça aromatizada naturalmente). Em 3 anos de empreendimento o principal objetivo foi trabalhar a marca Chica, tanto que, contabiliza Carlin, já gastaram mais em propaganda e marketing do que os lucros obtidos. Mas ele reconhece a importância desta estratégia ao receber pedidos de alguns estados do Nordeste. Assim, vai expandindo sua carteira de clientes, que é formada hoje por muitos fabicanos - provando que o fato de ser jornalista não necessariamente o obrigaria a empreender nesta área - o curso, afinal, já ajuda criando uma boa rede de relacionamento.
A vontade de ser dono do seu próprio negócio, de acreditar e ver suas idéias irem adiante, não esbarrando em expressões do tipo esse não é o perfil do público, fez com que Cleyton Arghiropol, ex-aluno de Publicidade e Propaganda e hoje dono da agência Acima Interactive, especializada em comunicação na web, empreendesse. Ele diz que a relação com os professores e a instituição não o motivou muito, e que os colegas então, parece que todos estavam ou estariam satisfeitos com a posição de serem assalariados. Vi a maioria deles já estagiando ou focando em uma área específica e vejo muitos deles hoje enterrados nas mesmas ocupações. Segundo ele a biblioteca foi uma ótima fonte de referências, onde passava muitas horas do seu dia lendo sobre outras áreas que não apenas da Comunicação, como por exemplo Administração, Gestão, Marketing, Finanças, etc.
Hoje em dia, além das bibliotecas, a internet é uma ótima fonte de referências e de ajuda para se abrir uma empresa. O site do Sebrae reúne todas as informações necessárias, desde como proceder para o registro até a elaboração de um plano de negócios, além de apresentar cases em diversas áreas. Vale a pena dar uma conferida.
Outra ótima alternativa para quem quer começar e não dispõe de muito capital inicial, são as incubadoras. Segundo a Anprotec, o número de incubadoras subiu para 380 em 2006, contra 37 em 1996. Um crescimento impressionante que mostra a força e a aposta nos novos empreendimentos. As incubadoras muitas vezes oferecem estrutura completa para montagem de escritório, além de todo apoio físico, intelectual e estrutural. A incubadora de Design da Feevale, onde está instalada a revista O Dilúvio, provê para os incubados aulas de gestão, marketing, finanças dentro do PROCAPE (Programa de Capacitação ao Empreendedor).
Enquanto era aluno da Fabico, Tiago Jucá criou um projeto experimental, em forma de newsletter, mais como brincadeira. Foi crescendo, virou site, depois impresso. Após 3 anos, com um coletivo maior, registramos a empresa, entramos na incubadora e hoje já damos palestras em eventos do SEBRAE sobre Empreendedorismo Jovem.
A UFRGS oferece, através da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico (SEDETEC), a Maratona de Empreendedorismo, um projeto que já está na sua oitava edição e busca proporcionar um conhecimento integrado do processo empreendedor e dar uma visão empreendedora e gerencial ao desenvolvimento de novos negócios. Dentre as atividades desenvolvidas pelo projeto, estão palestras que são abertas ao público em geral.
Andréa Fortes, atualmente sócia da agência Mais, sente que na Fabico as pessoas são preparadas para serem empregados, dentro de um perfil normal de vínculo, dando a idéia de que no Brasil quem empreende é um pouco tolo porque as dificuldades são muitas. Ela afirma que se a universidade incentivasse os alunos e ensinasse o caminho das pedras, seria uma bela iniciativa.
O apoio dos professores é importante, mas a maioria deles deve pensar: Ah, lá vem os alunos com essas idéias piradas, não vou perder meu tempo. Nem todo aluno está apenas pensando em ter uma banda ou realizar uma festinha, ele pode estar planejando o projeto de toda sua vida, e pra isso é preciso a ajuda de pessoas experientes. Com certeza o apoio dos professores Ungaretti, Ilza e outros foi fundamental para chegarmos aqui, desabafa Jucá.
De fato deve haver uma grande mudança de comportamento. De todos, para o futuro do empreendedorismo no país, a começar pela Universidade que é o laboratório pensante da sociedade. A Universidade deve formar pessoas ousadas, criativas, inovadoras, não apenas mão-de-obra para o mercado, porque ele muda muito: cada novo software pode extinguir profissões e exigir novos domínios.
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A frase de George Bernard Shaw define muito bem o que é o espírito empreendedor: Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: Por quê?. Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: Por que não?
O empreendedorismo tem sido a saída mais rápida e prática para solucionar a crise de emprego. Mas será que realmente é a melhor saída?
Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos mostram que o sucesso nos negócios depende principalmente de nossos próprios comportamentos, características e atitudes, e não tanto do conhecimento técnico de gestão quanto se imaginava até pouco tempo atrás. No Brasil, apenas 14% dos empreendedores têm formação superior e 30% sequer concluíram o ensino fundamental, enquanto que nos países desenvolvidos, 58% dos empreendedores possuem formação superior. Quanto mais alto for o nível de escolaridade de um país, maior será a proporção de empreendedorismo por oportunidade.
Conversando com diversos alunos, ex-alunos e professores da Fabico, descobrimos que o empreendedorimo fabicano existe, mas na maioria das vezes só é descoberto após a conclusão do curso, quando se tem que optar pelo trabalho assalariado ou pelo próprio negócio. Para Fernanda Vier sócia da agência Doxxa e Presidente da Associação dos Jovens Empresários de Porto Alegre, ser empregado também tem risco, mas se não der certo, a pessoa recebe os direitos todos e vai atrás de um novo emprego”.
O ex-fabicano e agora Professor, Alan Lenz, aponta três opções para quem se forma na Fabico: 1) ser empregado de alguma empresa privada ou do governo, através de concurso público, garantindo estabilidade; 2) abrir o próprio negócio ou 3) trocar de profissão.
Mas a terceira alternativa dada pelo Professor Alan não significa que os anos de faculdade foram em vão. É o que mostra o exemplo de Guilherme Carlin, hoje jornalista e dono da Chica Cachaça Artesanal. Segundo Carlin, atualmente em Porto Alegre há um nicho de mercado estabelecido por nós onde existem pouquíssimos concorrentes com produtos similares (cachaça aromatizada naturalmente). Em 3 anos de empreendimento o principal objetivo foi trabalhar a marca Chica, tanto que, contabiliza Carlin, já gastaram mais em propaganda e marketing do que os lucros obtidos. Mas ele reconhece a importância desta estratégia ao receber pedidos de alguns estados do Nordeste. Assim, vai expandindo sua carteira de clientes, que é formada hoje por muitos fabicanos - provando que o fato de ser jornalista não necessariamente o obrigaria a empreender nesta área - o curso, afinal, já ajuda criando uma boa rede de relacionamento.
A vontade de ser dono do seu próprio negócio, de acreditar e ver suas idéias irem adiante, não esbarrando em expressões do tipo esse não é o perfil do público, fez com que Cleyton Arghiropol, ex-aluno de Publicidade e Propaganda e hoje dono da agência Acima Interactive, especializada em comunicação na web, empreendesse. Ele diz que a relação com os professores e a instituição não o motivou muito, e que os colegas então, parece que todos estavam ou estariam satisfeitos com a posição de serem assalariados. Vi a maioria deles já estagiando ou focando em uma área específica e vejo muitos deles hoje enterrados nas mesmas ocupações. Segundo ele a biblioteca foi uma ótima fonte de referências, onde passava muitas horas do seu dia lendo sobre outras áreas que não apenas da Comunicação, como por exemplo Administração, Gestão, Marketing, Finanças, etc.
Hoje em dia, além das bibliotecas, a internet é uma ótima fonte de referências e de ajuda para se abrir uma empresa. O site do Sebrae reúne todas as informações necessárias, desde como proceder para o registro até a elaboração de um plano de negócios, além de apresentar cases em diversas áreas. Vale a pena dar uma conferida.
Outra ótima alternativa para quem quer começar e não dispõe de muito capital inicial, são as incubadoras. Segundo a Anprotec, o número de incubadoras subiu para 380 em 2006, contra 37 em 1996. Um crescimento impressionante que mostra a força e a aposta nos novos empreendimentos. As incubadoras muitas vezes oferecem estrutura completa para montagem de escritório, além de todo apoio físico, intelectual e estrutural. A incubadora de Design da Feevale, onde está instalada a revista O Dilúvio, provê para os incubados aulas de gestão, marketing, finanças dentro do PROCAPE (Programa de Capacitação ao Empreendedor).
Enquanto era aluno da Fabico, Tiago Jucá criou um projeto experimental, em forma de newsletter, mais como brincadeira. Foi crescendo, virou site, depois impresso. Após 3 anos, com um coletivo maior, registramos a empresa, entramos na incubadora e hoje já damos palestras em eventos do SEBRAE sobre Empreendedorismo Jovem.
A UFRGS oferece, através da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico (SEDETEC), a Maratona de Empreendedorismo, um projeto que já está na sua oitava edição e busca proporcionar um conhecimento integrado do processo empreendedor e dar uma visão empreendedora e gerencial ao desenvolvimento de novos negócios. Dentre as atividades desenvolvidas pelo projeto, estão palestras que são abertas ao público em geral.
Andréa Fortes, atualmente sócia da agência Mais, sente que na Fabico as pessoas são preparadas para serem empregados, dentro de um perfil normal de vínculo, dando a idéia de que no Brasil quem empreende é um pouco tolo porque as dificuldades são muitas. Ela afirma que se a universidade incentivasse os alunos e ensinasse o caminho das pedras, seria uma bela iniciativa.
O apoio dos professores é importante, mas a maioria deles deve pensar: Ah, lá vem os alunos com essas idéias piradas, não vou perder meu tempo. Nem todo aluno está apenas pensando em ter uma banda ou realizar uma festinha, ele pode estar planejando o projeto de toda sua vida, e pra isso é preciso a ajuda de pessoas experientes. Com certeza o apoio dos professores Ungaretti, Ilza e outros foi fundamental para chegarmos aqui, desabafa Jucá.
De fato deve haver uma grande mudança de comportamento. De todos, para o futuro do empreendedorismo no país, a começar pela Universidade que é o laboratório pensante da sociedade. A Universidade deve formar pessoas ousadas, criativas, inovadoras, não apenas mão-de-obra para o mercado, porque ele muda muito: cada novo software pode extinguir profissões e exigir novos domínios.
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