Neuromarketing na Política é ético?
quarta-feira | 20 de outubro de 2010
Nas agências, a realidade é que publicitários e marketeiros quebrem a cabeça para fazer campanhas cada vez mais atraentes, que atinjam os objetivos do cliente: atrair, convencer, vender e fidelizar cada vez mais. Certo? Mas, e se esse processo ficasse mais curto e fácil? Se ao invés de estudar, estudar e estudar o comportamento do consumidor bastasse utilizar ondas de ressonância magnética para saber qual direcionamento dar às ações de Marketing?
VOCÊ DIZ SIM, MAS SEU CÉREBRO "DIZ" NÃO
De acordo com uma entrevista veiculada no blog do Estadão, pesquisas e estudos revelaram que:
- peças publicitárias que utilizam apelo não chamam a atenção das áreas do cérebro responsáveis pela decisão de compra, como a da memória e a de tomada de decisão;
- consumidores expostos ao símbolo da sua marca preferida apresentam a mesma atividade cerebral de pessoas muito religiosas frente ao símbolo de sua religião;
- Pepsi e Coca-Cola são iguais.
Como já vimos no post anterior, a técnica do Neuromarketing utiliza ressonância magnética para identificar as áreas do cérebro que são estimuladas quando a pessoa em teste for exposta a determinadas imagens, sons, cheiros e situações, identificando o que ela realmente sente, e não o que acha ou diz que sente. Com certeza, esta técnica nos leva a entender melhor o comportamento do consumidor. E, no caso da política, do eleitor.
NEUROMARKETING É ÉTICO?
A técnica facilita, e muito, o entendimento do comportamento do consumidor, mas também pode causar prejuízos para as nossas decisões. Imagine, por exemplo, que campanhas políticas mais atraentes e difíceis de não se deixar envolver podem ser uma realidade muito próxima dos brasileiros. No futuro, elas poderão influenciar fortemente na escolha de candidatos e mudar o rumo de uma eleição.
Hoje, utilizar Neuromarketing é praticamente inviável financeiramente para a maioria das empresas e políticos, por causa do elevadíssimo custo. Mas, assim como todas as tecnologias, ela tende a ter o preço reduzido após alguns anos no mercado, tendo seu acesso ampliado, e podendo tornar-se comum em diversos segmentos, inclusive na política. A questão ética envolve, no entanto, muito mais do que uma suposta invasão do subconsciente. Envolve mudanças no comportamento das pessoas, que poderão gerar aumento nas vendas de produtos como cigarros, por exemplo.
Para evitar que consumidores e eleitores sejam expostos a propagandas feitas com base nesse tipo de estudo sem estarem bem informados, a World Business Academy solicitou ao Congresso norte-americano a investigação do uso comercial e político do Neuromarketing para que o público tenha conhecimento de quem o utiliza (lembrando que nos Estados Unidos esta técnica é utilizada há mais tempo do que no Brasil). Tomara que antes das atividades neurais brasileiras serem mapeadas algum órgão de regulamentação da propaganda também tome uma atitude assim.
Para entender mais esta polêmica, veja a campanha Stop Neuromarketing, World Business Academy.
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2 comentários:
Alana,
muito legal o tema e a abordagem do post, Parabens!
Neuromarketing entendo que é uma evolução dos simples "focus groups", calro indo muito mais a fundo e pegando não só as impressões dos ouvintes como também o que eles realmente sentem (inconscientemente).
Na minha "régua" de ética, não concordo muito com a prática, apesar de ser bastante interessante, não é mesmo? Porém, como a minha ética é diferente da de vocês ou da dos estudiosos, cabe-nos aprender a lidar com o assunto.
Vindo para as eleições, como disse um dos entrevistados no vídeo, lá nos EUA espera-se uso em 2012, aqui, ainda leva um pouco mais de tempo.
Abraços
Pedro Prochno
http://relacoes.wordpress.com
Pedro,
É difícil dizer se a utilização do Neuromarketing é, de fato, ética - até porque estamos falando em atingir o subconsciente, um "lugar" bastante desconhecido por todos nós. Mas acredito que ações como a proposta pela World Business Academy, que visa tornar público os nomes das empresas que utilizam o Neuromarketing, pode ajudar a combater a utilização com más intenções desta técnica. O problema agora em questão seria a forma de divulgar estes nomes e como facilitar o acesso a eles. Acredito que as mídias sociais terão um papel importante neste tipo de divulgação. Ou melhor, já têm!
Abraço,
Maria Alana
alanabrinker.wordpress.com
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