sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Uma visão virtual das próximas eleições.

Por Bruna Franco, estudante de Relações Públicas da Universidade Federal de Goiás

Pelo andar da carruagem, as campanhas eleitorais de 2010 seguirão uma nova tendência que, apesar de não ser tão nova assim, agora que está sendo um boom de verdade aqui no Brasil. E essa tal tendência é o uso da Web 2.0 por parte de políticos.

Com a nova reforma eleitoral, os candidatos não poderão mais utilizar-se de propagandas políticas em portais de empresas ou administração direta ou indireta da União, Estados e Municípios.

E foi aprovado o uso de propaganda nos sites de relacionamento, a citar como exemplo, óbvio, Twitter, Orkut e blogs pessoais e também caiu qualquer tipo de censura à cobertura jornalística da campanha, ou seja, é totalmente livre a manifestação de pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio de toda a rede mundial de computadores (sites jornalisticos, blogs, Orkut, Twitter, radioweb, mensagens eletrônicas,Tvweb e outros), assegurado o direito de resposta. Inclusive, agora é permitido a doação de pessoa física via internet. O doador terá que ser identificado eo limite é de 10% da renda anual. Estão seguindo o sucesso que aconteceu na campanha de Barack Obama que, como disse Alex Primo, em Políticos brasileiros sonham em ser Obama mas não passam de um Mercadante, humanizou a figura política, já que antes do uso das mídias digitais só tínhamos contato com nossos possíveis candidatos a partir de figuras estáticas, como os santinhos, ou uma imagem mecânica, pré-determinada para atingir os eleitores com a propaganda eleitoral.

Para alguns políticos, pode ser uma forma mais fácil e de menor custo para promover sua campanha, demostrando suas pretensões, intenções e os trabalhos já feitos, para que seus eleitores tenham um maior conhecimento acerca de seu candidato e o cargo ambicionado. Ainda podem fazer promoção de sua imagem e reputação perante seu público eleitor. No entanto, aqueles que participam de algum ato secreto ou, em algum lugar no passado deixaram a desejar por suas promessas não cumpridas, correm sérios riscos de sofrerem algum tipo de boicote.

O Planalto fez um blog (blog.planalto.gov.br),cuja intenção era manter os cidadãos mais próximos àquilo que ocorria em Brasília. Porém, a Esfera - projeto, ainda em fase bem inicial, de Daniela Silva (que nasceu inspirado na sua pesquisa de transparência pública no mestrado) de uma empresa com foco em comunicação, política e novas tecnologias, que deseja fomentar a ideia de que um governo aberto pode ser potencializado pela dinâmica das redes, fez um blog espelho (planalto.blog.br), utilizando a extensão blog.com, e os mesmo posts feitos pelo original eram postados nesta cópia, com a diferença que nesta, os comentários são habilitados, e cada texto publicado, possuía no início, acompanhando o buzz do blog oficial, cerca de 200 comentários, os quais são em forma de protesto, e há uma grande quantidade de artigos assinados.

Esses eleitores advindos da internet a partir de sites de relacionamento, têm outra visão acerca destes políticos e expõem sem medo suas idéias e opiniões. Propõem até mesmo uma forma nova de protesto, como foi o caso #forasarney por usuários do Twitter. E portanto, os políticos têm que estar preparados para dialogar, uma vez que os eleitores online não aceitarão respostas frias ou mal respondidas, além de expor claramente suas intenções, pois do contrário, alguém pode vir a descobrir algo de podre e espalhar para a rede toda, em questão de segundos.

Em São Paulo, algumas secretarias criaram perfis para poder receber as dúvidas, sugestões e reclamações da população, havendo uma certa aproximação entre as duas partes. Há ainda redes sociais de deputados, senadores, vereadores, Ministério da Cultura, dentre outros tantos [ leia aqui]. Porém, ainda deixa um pouco a desejar, pois muitas vezes não são atualizados ou faltam respostas, e alguns pensam que o simples fato de possuir contatos na web 2.0 quer dizer que sua eleição esteja garantida. Mas até o ano que vem, muita coisa ainda será modificada.

Estaremos preparados para receber os políticos nessas redes sociais, porém eles devem estar mais preparados para nos dar a devida importância e atenção, porque dessa vez, temos todo o poder de nos unirmos e tirá-los ou colocá-los no poder, cobrando por suas responsabilidades.

8 comentários:

Cibele Silva 18 de setembro de 2009 às 11:22  

Legal, mídias sociais está sendo pauta forte por aqui.

Eu estava lendo hoje justamente sobre isso, também sobre o risco da nova lei eleitoral (suposta) de tomar rádio e TV como parâmetro ao regular internet.

Vale a pena conferir, tem opiniões de professores da ECA/USP, que são muito conceituados para mim.
http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/09/04/risco-de-nova-lei-eleitoral-e-tomar-radio-e-tv-como-parametro/


O professor Massimo (citado no artigo), já escreveu exatamente o que você abordou aqui Bruna, a importância dos politicos estarem preparados para dialogar.

Vamos ver o que acontecerá em 2010, mas eu não acredito nesta adaptação deles tão facilmente comparada ao do Obama.

Abraços,
Cibele
(A Bordo)

Felipe 18 de setembro de 2009 às 18:38  

Eu espero que assim, os candidatos deixem a padronização de discursos e atitudes e passem a ser mais verdadeiros com seus eleitores.

Se pegar as campanhas vitoriosas aqui do RS, elas são TODAS iguais. Quem começou com isso foi la o Rigotto.

Uma campanha que passou o tempo todo na água com açúcar, com o discurso de diálogo com todos, de manter o que é bom e mudar o que é ruim... o mesmo usado pelo Fogaça... e creio que também pela Yeda (essa campanha não pude acompanhar porque morava no exterior na época).

E que os candidatos pensem muitas vezes antes de tentar ferir nossa inteligência, pois o que publicarem na web, facilmente será guardado pelos eleitores.

Ocappuccino.com 18 de setembro de 2009 às 19:35  

Na verdade Felipe as eleições aqui no Estado sempre foram marcadas por troca de acusações entre governo e oposição, foi assim em 2002, quando concorriam Tarso (PT), Brito (PPS) e Rigotto (PMDB). As acusações entre Tarso e Brito eram constantes e Rigotto manteve longe dessa briga e como zebra, saiu de último colocado com poucos votos na pesquisa para ganhar de Tarso no 2° turno, e desde o fim da apuração ele sim veio com o discurso de governo de coalizão, de harmonia. em 2006 aconteceu algo inusitado, Rigotto concorria à releeição contra Olívio (PT) e Yeda (PSDB). Os eleitores de Rigotto temiam o segundo turno contra Olívio então muitos votaram em Yeda, pois além de acreditarem que Rigotto certamente iria para o 2° turno, preferiam a disputa contra Yeda, deu no que deu, Yeda e Olívio no 2° turno com vitória do PSDB.

Então, na verdade sempre há aqui no estado está forte briga política e eleitoral entre governo e oposição, ora de um lado é PMDB ou PSDB e do outro PT.

Agora um caso particular, tem um deputado estadual que eu acompanho e já fiz alguns trabalhos e agora ele e sua assessoria quer criar um perfil no twitter e eu sei que eles nem sabem o que é esta ferramenta, mas querem pela moda e eu tenho um medo disso e uma pena por ele ser uma ótima pessoa, nem site o deputado tem e vai criar twitter, ve se pode?

Acredito que muitas histórias assim existem.

Abraços,
Mateus

Felipe 18 de setembro de 2009 às 22:45  

Mateus, sim... o que eu quis dizer, que o Rigotto... Fogaca... mantiveram uma campanha igual!! Justamente, por fugir dos debates mais calorosos com acusacoes (que no meu ponto de vista, eh o tipo de eleicao que mostra quem realmente o candidato eh. Candidato que se diz "amigo de todos", eu desconfio).

Felipe!

Guilherme Freitas 19 de setembro de 2009 às 22:14  

Os políticos brasileiros não sabem nada sobre internet. Eles acham que só porque têm milhares de seguidores no twitter são populares na rede. Pura balela. A tentativa de calar a web mostra muito bem como eles são amadores comparado a Obama e sua equipe. Abraços.

Fran 21 de setembro de 2009 às 22:02  

De fato, ainda é visível a diferença do preparo dos políticos brasileiros frente às estratégias utilizadas por Obama nas últimas eleições. No entanto, é importante ressaltar que por trás desses homens públicos, há estraordinários profissionais da comunicação atuando incessantemente, e neste sentido, o Brasil também possui inúmeros profissionais bem capacitados para atuar com essas novas tecnologias. Por este motivo, sou bastante otimista em relação à utilização dessas estratégias, e principalmente, em relação à profissionalização do mercado da comunicação no Brasil.

Mano Delazeri 23 de setembro de 2009 às 10:08  

ontem, no intervalo do Jornal Nacional, o PPS ja anunciava o seu novo portal, com blogs, comunidades... e por ai vai....

Ricardo Campos 25 de setembro de 2009 às 22:46  

Muito legal o artigo. Também acabei de escrever um post sobre a internet e as eleições de 2010. Ainda não publiquei mas segue um pouco a mesma linha de pensamento, dos desafios que teremos para decifrar as armadilhas que serão utilizadas nas próximas eleições. Acredito que a rede será utilizada muito com um caratér denuncista, e que nós eleitores teremos que ter senso crítico apurado para realmente votar corretamente.

Um abraço,

Ricardo Campos
www.ricardocampos.wordpress.com

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