Relações Públicas: Teoria, Contexto e Relacionamentos. [parte 1]
Por Cibele Silva, estudante de Relações Públicas da Metodista/SP e Rodrigo Cogo, gerenciador do Mundo RP
O post de hoje foi produzido em parceria da Belle com o Cogo e é fruto de ambas as percepções sobre o lançamento do livro 'Relações Públicas: Teoria, Contexto e Relacionamentos' - ocorrido em agosto na FAPCOM (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação) - e de uma entrevista posterior com um dos autores do livro, Maria Aparecida Ferrari. Pela extensão do material, dividimos em duas partes, a primeira vai ao ar hoje e a segunda parte publicaremos na sexta-feira.
No início de agosto aconteceu no auditório da FAPCOM na capital Paulista o lançamento do livro Relações Públicas: Teoria, Contexto e Relacionamentos, de autoria do consultor e pesquisador norte-americano James Gruning e co-autoria dos professores Maria Aparecida Ferra e Fábio França. O norte-americano veio ao Brasil não somente para o lançamento do livro, mas para realizar palestras com o tema Como sobreviver em contextos vulneráveis - As Relações Públicas como estratégia de relacionamentos.
A obra reúne teorias, práticas e experiências dos autores e está dividida em três partes. Na primeira, Grunig apresenta um quadro teórico para o exercício da profissão, levantando a definição e o posicionamento das relações públicas (atividade responsável pela gestão da comunicação nas organizações). Seu reconhecimento global, aliás, tem feito de seus trabalhos fontes de informação para a análise do mundo corporativo atual e referência obrigatória em universidades norte-americanas e de países de outros continentes. Na segunda parte, Ferrari discorre sobre a profissão e suas práticas no contexto latino-americano e, na finalização, França aborda a gestão de relacionamentos corporativos, analisando os públicos prioritários das corporações. Importante fonte de conceitos, o livro traz a maior pesquisa internacional já realizada sobre o processo da comunicação nas organizações.
Para Maria Aparecida, as relações públicas estão mais vivas do que nunca. Ela assinala que a realidade norte-americana é bem distinta da América Latina, no sentido da absorção de profissionais da área, e então mais do que nunca precisamos de obras que revisem nossos paradigmas. Fábio França destaca que a ação de RP se estabelece por meio de relacionamentos, que levam ao conhecimento de perfil, preferências e demandas das pessoas como indivíduos e grupos. Por isto, suas pesquisas têm enfocado os relacionamentos corporativos, sua administração estratégica para obter resultados e respostas positivas para todos os agentes, de maneira permanente.
Grunig acredita que a temática das relações públicas no contexto da recessão mundial mereça análise, o que ressaltaria a relevância do livro. Em sua visão, a maioria das organizações parece pensar que podem viver sem o relacionamento com os públicos. Ele reconhece que RP foram reconhecidas no Brasil de forma diferente dos Estados Unidos, país onde mesmo entre profissionais atuantes não há uma conceituação única ou dominante. A abrangência brasileira é maior, porque não prioriza uma das três partes mais tradicionais de exercício profissional: relação com os meios de difusão de mensagens, função de marketing e função de gestão estratégica como ativo participante dos processos de tomada de decisão, para o que seria fundamental a capacidade de análise de cenários e o desenvolvimento de pesquisas sobre as expectativas dos públicos. Esta última área, na opinião do especialista, seria a mais completa e mais promissora para a consolidação da profissão.
Ele então relembrou sua trajetória como pesquisador e a formulação de dois paradigmas no setor - ele define paradigma como forma de entender a disciplina - O simbólico interpretativo que aponta as relações públicas como administradora de como os públicos interpretam a organização para protegê-la do ambiente. Nesse enfoque, interagem conceitos como imagem, reputação, marca e identidade. Seria o relações públicas como negociador de significados junto aos públicos, mas com ênfase na divulgação e na relação com os meios. E depois o paradigma da Gestão Estratégica Comportamental, com o RP participando da tomada de decisões estratégicas, a partir da comunicação simétrica e do engajamento com os públicos para além do domínio e do uso de técnicas. É deste diálogo que o panorama fica conhecido a ponto de permitir a negociação de sentidos e de atitudes sem indução.
Continua...
17 comentários:
Eu fui nessa palestra também e foi muita boa em questão de reflexão sobre nossa área. Vejo que a comunicação, em especial as relações publicas, tem um longo caminho a percorrer e tudo pra se estruturar cada vez mais e conseguir seu espaço merecido no mercado.
Esperando a segunda parte do post que está conseguindo sintetizar tudo o que foi dito na palestra.
Uns dos melhores que eu li sobre esse evento.
Abraços,
Cada vez mais me interesso pela área de RP. Até brinco com uma amiga, que é RP ferrenha, que fiz o curso errado... rs..rs.. Brincadeiras à parte, amo meu jornalismo, mas quero fazer uma pós na área de Relações Públicas.
Karol
Belle,
Adorei a 1ª parte do post, mto bem escrito! Parabéns!!
Eh animador ver que a profissão q escolhemos está se consolidando cada vez mais. Afinal, é uma atividade complexa que exige muitos conhecimentos (gerais e específicos) para ser exercida.
Eu acho que cabe a nós, estudantes e profissionais de RP, ajudar nesse processo de consolidação.
Abs,
Talita
Esperando pela continuação! heheh
muito legal essas visões reunidas.
bjs
Aline, obrigada, fiquei feliz de saber que foi um dos melhores post que já leu sobre o assunto, mesmo que você esteve presente na palestra.
Você tem razão Talita, ontem eu recebi um e-mail de uma RP de SCS, ela falou que a profissão de RP é a que mais precisa de RP. rs
Realmente, cabe a nós 'consolidarmos' a profissão.
Gosto de reunir visões e a oportunidade de 'dividir espaço' com o Rodrigo é de grande satisfação para mim.
Voltem sim para acompanharem a segunda parte, a entrevista com a Professora Ferrari agregará muito conhecimento.
Abraços,
Cibele
O próprio autor diz que a Relações Públicas merece análise.
Todo mundo sabe que nos EUA a profissão, que não tem grau de graduação é mais reconhecida do que no Brasil, em anos a profissão aqui não se disseminou, continuo não vendo diferença.
Só vejo RP como subordinados em um departamento de comunicação.
Anônimo,
Na segunda parte deste post ficará bem claro o quanto a profissão de Relações Públicas vem crescendo.
Estou no segundo ano da faculdade e já consigo notar o crescimento nestes dois anos, imagina em quase 40 anos da profissão. Talvez o seu contato com os Relações Públicas não é muito assíduo.
Sobre Relações Públicas ser subordinado, tenho uns exemplos, o Rolf-Dieter Acker é presidente da Basf para a América Latina e é um Relações Públicas, ao lado dele no departamento de comunicação da Basf quem coordena é a Gislaine, também Relações Públicas.
O departamento de Comunicação da indústria farmacêutica Medley (fiz um trabalho acadêmico com eles o semestre passado) é gerenciado por uma Relações Públicas também, poderia colocar outros exemplos, não poucos, mas fica aqui estes para vermos que a profissão de RP está ganhando espaço.
Abraços,
Cibele
(A Bordo)
adorei o post! e esse livro parece ser muito bom, vamos ver se compro :)
também vou esperar a 2a parte do post!
abraços.
Foi muito bacana este evento, escolheram um bom local para receber o pessoal e os palestrantes. O livro então nem se fala, será muito bom para ampliar a teoria para a profissão de RP.
Parabéns pelo post.
abs.
Foi muito bacana este evento, escolheram um bom local para receber o pessoal e os palestrantes. O livro então nem se fala, será muito bom para ampliar a teoria para a profissão de RP.
Parabéns pelo post.
abs.
O que o 'Anônimo' escreveu é muito semelhante a uma discussão que tive estes dias com uma colega de trabalho sobre Relações Públicas e Marketing, o que é um o que é outro, um é subordinado a outro e com muita salica consegui descrever a ela algumas diferenças e posocionar bem as relações públicas, que na visão dela (formada em adminstração) não é muito clara. É bem parecida com a visão do 'Anônimo', mas como já foi dito nos comentários cabe a nós, desde estagiários até profissionais, alterar está visão e muitas vezes preconceito do 'mercado'. É notório que nos EUA a profissão é mais valorizada, contudo no Brasil (com a valorização da imagem corporativa, da marca empresarial, do relacionamento interpessoal entre todos os stakeholders, há um crescimento e valorização da profissão identificando a questão estratégica, e não tarefeira, do profissional.
A questão de subordinação em departamentos de comunicação varia muito, em muitas grandes empresas o responsável muitas vezes não é formado em nenhuma das 3 habilitações de comunicação. Mas é legal ler opiniões contrárias e discutir virtualmente ou na vida real também é muito válido.
Abraços e amanhã tem a parte 2.
Mateus
Legal ter tantos comentários, embora neste caso eu não atribua aos autores do post, mas sim aos próprios autores do livro e da palestra reportada.
O Cappuccino tem este perfil de fazer edições interessantes nos conteúdos e por isto entreguei meu texto (publicado em outros blogs na íntegra há algum tempo atrás) para - como se diz em tempos de internet - o "mash-up" que ele desejasse fazer.
A respeito do Anonimo, dois comentarios breves:
- maior posto de comunicacao da Rhodia é da Odete Duarte, uma RP. Maior posto de comunicacao da Tetrapack é da Elisa Prado, uma RP. O maior posto da comunicacao da Vale - até as reformulações decorrentes da crise - era de uma RP. A lista é longa, pode acreditar.
- o maior problema mesmo não é de quem ocupa o maior cargo ou não numa organização, mas qual a integridade do profissional, que pra começar não ficaria fazendo posts sem identificação que atrapalham a interlocução. Ainda que, como disse Mateus, as contrariedades sejam importantes, ao que não discordo, desde que estabelecidas dentro de regras mínimas de convivência e debate.
Falou e disse Rodrigo Cogo, que não é "pouca bosta" (como se diz aqui no sul quando se quer falar que alguém entendo do que está falando)
Mateus, já disponibilizei o trabalho no meu blog.
bjs
Gostaría muito de ter participado desta palestra...muito interessante o post! assim pude ter uma noçao do que se passou....acho que em novembro a Maria Ap. e o Fábio França irão nos presentear com uma palestra em relação ao livro!
Beijos!
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