Para o RP, o blog é sonho ou pesadelo?
Por Mateus Martins, estudante de Relações Públicas da UFRGS
Li semana passada na Época Negócios o texto Proteja sua marca pessoal na web. Gosto muito de ler sobre este assunto, pois como afirmou há um tempinho Alex Primo, em Cuidado com sua marca no Twitter, Apesar da popularização das mídias sociais e do aparecimento constante de novos serviços de Web 2.0, é surpreendente como muitas empresas não prestam atenção ao registro de suas marcas nesse tipo de sites. E ele ainda sentencia que Como hoje as marcas muitas vezes valem mais que o próprio produto, é inadmissível que uma empresa deixe de registrar sua marca em todos, eu disse todos, os serviços da Web 2.0. Mesmo que a conta fique vazia, sem atualizações, é fundamental garantir a posse desse bem tão valioso.
Bom, voltando, à matéria da Época Negócios é alusivo à palestra de Soumitra Dutta, professor indiano e reitor de relações internacionais da Insead (maior escola de negócios da Europa). O início do texto já desperta a atenção e trata das mudanças comportamentais, propiciadas pela internet, numa velocidade inédita na história da humanidade. O telefone levou 89 anos para atingir 150 milhões de usuários; a televisão, precisou de 40; o celular, de 15, mas o Facebook superou essa marca em apenas cinco anos, e, em julho, já eram 250 milhões... Temos cada vez menos tempo para nos adaptarmos à velocidade das mudanças.
O texto segue um caminho bem agradável e interessente e continua descrevendo as afirmações do palestrante: 1. Durante toda a longa história das corporações, o mundo foi organizado em torno de títulos...Com a internet, a expertise em si subitamente se tornou visível. O que muda as regras do jogo na gestão de carreiras. A ascensão profissional não é mais só baseada em títulos ou cargos... 2. A própria 'reserva de mercado' para especialistas de determinadas profissões está em xeque... uma das razões da queda de receita e prestígio das empresas de mídia é o fenômeno do “citizen journalism” (jornalismo cidadão). Ou seja, pessoas normais criando notícias... 3. Um dos fatores por trás da vitória de Barack Obama... foi seu uso das redes sociais para levantar fundos. Tradicionalmente, os partidos políticos americanos apostavam em jantares para coletar dinheiro dos ricos para financiar as campanhas. Obama reverteu a estratégia, indo atrás de pequenas doações.
Até que o texto chega ao ponto que quero destacar e é o motivo desta postagem. Pois bem, Soumitra Dutta afirma: A maioria dos relações públicas desaprova blogs de CEOs, porque, com eles, a cúpula da empresa perde o controle da interação com os funcionários. Ao fazer isso, porém, estão apenas adiando o inevitável, já que, mais cedo ou mais tarde, vão ter que abrir mão de parte do controle para apostar em co-criação com colaboradores de dentro e de fora da organização.
Concordava com todas as afirmações dele, até este parágrafo. E mais, além de discordar, ouso a afirmar que, contrariando o consultor indiano, o sonho de qualquer RP é criar o blog do Executivo, do Gestores, do Superintendente, do Presidente ou do CEO. É o sonho de qualquer RP abrir este canal de interação, relacionamento, diálogo aberto com os colaboradores. Mas claro, com PLANEJAMENTO. E aqui cito o post do A quinta onda, em que Mauro descreve 15 fatores chave para pensar e planejar antes de publicar um blog corporativo: 1. Defina o objetivo do blog. 2. Defina o público-alvo. 3. Crie um design compatível com a sua marca. 4. Esteja preparado para dialogar. 5. Seja ágil. 6. Concentre-se em conteúdo interessante e relevante. 7. Não complique. Desenvolva uma linguagem informal e pragmática. 8. Use e abuse dos recursos multimídia. 9. Não seja arrogante ou dono da verdade. 10. Tenha uma assinatura pessoal. 11. Defina uma cadência para atualização do blog. 12. Aprenda com o blog. 13. Esteja pronto para uma crise. 14. Como medir o sucesso do seu blog. 15. Tenha alguém dedicado ao blog. É um pequeno manual do planejamento pré publicação de um blog corporativo, sugiro a leitura, pois lá é especificado cada um destes quinze itens.
E sugiro outra postagem, O blog do presidente, do mesmo A Quinta Onda que exemplifica bem o desejo de qualquer RP. Trata-se do diálogo de ficcção entre Pimentel, o presidente que deseja criar um blog porque acabará de sair de uma reunião cujo principal feedback foi que os funcionários gostariam de conversar mais com o presidente, e Fernando, o coordenador de comunicação da empresa que está preocupado antes de tudo com o relacionamento, as expectativas, o feedback, ou seja, o planejamento e exprime sua intenção na seguinte frase: Mas Pimentel... como vamos responder os comentários? Vão aparecer alguns...
Agora pergunto. Estou errado? Não é este o sonho ou desejo de qualquer RP? Ou concorda com Dutta que a perda do controle da informação, da interação, da informação pode se transoforma num pesadelo?
Ah, no final volto a concordar com o palestrante, quando ele versa que em relação à carreira é preciso pensar, no ambiente on line, em branding, pois no futuro talvez um empregador peça para você anexar seu blog ao seu currículo.
10 comentários:
Matheus,
concordo contigo em quase todos os pontos. Só não acho que as empresas podem ousar ter um perfil em qualquer comunidade virtual sem abastecer de conteúdo e sem se comunicar com o público que a segue. Pois as redes sociais são muito mais do que fonte de medição da marca, elas são uma ferramenta estratégica de relacionamento.
Perfil desatualizado em comunidade virtual é um tiro no pé. Considero pior do que não participar, pois se as pessoas te seguem é pq querem ouvir ou ler o que você tem a dizer.
Abração!
Na descrição referente ao texto destacado eu concordo com você Mateus, não generalizo, mas muitos RPs se sentem satisfeitos fazendo essa interação de relacionamento com o público interno e externo, mantendo blogs de pessoas de alto escalão de uma organização "na ativa".
Respondendo as suas perguntas -Não acho que você está errado. Não sei se é o sonho de qq RP, mas o meu sim. rs
Ontem, na faculdade, ficamos sabendo que criaremos outro blog (o terceiro em 4 semestres)- algumas pessoas perguntaram se o RP "nasceu" para fazer blogs - a pergunta não foi respondida por ngm, mas para mim é clara a importância desta ferramenta como estratégica e temos que nos familiarizarmos com ela.
Abraços,
Cibele
(A Bordo)
Adorei o layout do blog, o nome dele e principalmente, os posts. Tbém sou estudante de RP, e as vezes encontramos pouca informação e pouca gente que sabe passar informações como vocês. Gostei muito mesmo. Parabéns;D
Concordo plenamente ocm você Mateus, um RP em uma organização, tendo uma boa posição e seu relacionamento estreito com os CEO,almeja sim que este entre em contato com os seus públicos e o blog é uma ótima ferramenta para isso. Também acho que devem ser medidas e estudadas as mídias em que a empresa está presente... mas o controle, a monitoria deve ser em todas !
Abraço
Ainda bem que até agora todos concordam hehehehe
Mas ninguém vai discordar?
Mateus
d'ocappuccino
Mateus, topo demais fazer um texto sobre o nosso Jornal da UFG. Entre em contato comigo,por email, fica mais fácil de nos comunicarmos, e assim, saberei certinho como funcionaria isso. E agradeço muito pelo convite, fico muito feliz.
Mateus, topo demais fazer um texto sobre o nosso Jornal da UFG. Entre em contato comigo,por email, fica mais fácil de nos comunicarmos, e assim, saberei certinho como funcionaria isso. E agradeço muito pelo convite, fico muito feliz.
meu email:brunafranco1801@hotmail.com
para algumas áreas de atuação o blog já é muito mais importante que o currículo,
existem diversos casos que podemos citar onde esse "capital social" já esta valendo muito mais que diploma
Mateus.
Antes eu quero agradecer pela referência ao blog. Obrigado.
Minha experiência mostra duas vertentes. Existem empresas mais abertas e mais ousadas onde o RP sonha todos os dias com a possiblidade de criar um blog do presidente, implementar uma rede social ou coisa parecida. Esses são profissionais de comunicação que tentam inovar e agir como agentes de mudança dentro das empresas. Mas, veja bem, estou falando de empresas que incentivam e suportam bem esse tipo de ousadia. Por outro lado, tenho contato com muitas empresas que estão preocupadas em controlar as coisas, controlar a comunicação e limitar o acesso à informação. É quase um problema cultural. Nestas empresas não têm jeito, os RPs ficam limitados mesmo e acabem se contendo em fazer o "tal" jornalismo corporativo. Enfim, o papel e atuação dos RPs nas empresas dependem muito mais do ambiente e da cultura da empresa do que de sua iniciativa própria. Mas, no fim de tudo, eu acho que o RP nunca pode desistir. Tem que quebrar pedra mesmo, Desafiar a empresa com novas propostas e novas fórmulas para fazer seu trabalho. Hoje, quando busco profissionais de comunicação para empresa onde trabalho, eu sempre procuro pessoas ousadas e que me desafiam. Sempre digo que o "NÃO" deve vir de mim. Sempre peço para apresentarem propostas desafiantes e vanguardistas e deixa eu dizer "NÃO". Enfim, é uma filosofia. Abraços. Mauro.
Mauro, eu é que agradeço a leitura que nos proporciona de teus posts e pode ficar tranquilo que somos RPs Brasileiros e não desistimos nunca.
E obrigado a todos por concordarem comigo heheheh
Mateus
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