sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os 5 desafios das Relações Públicas na área hospitalar.

Hoje quem escreve sobre sua experiência em Relações Públicas na área hospitalar é Tatiana de Lima Santos |@tati_lsantos| Ela é pós-graduanda em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e graduada em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero em 2007. Atualmente, é analista de marketing no HCor – Hospital do Coração e já trabalhou na Pizza Hut, LVBA Comunicação, Hospital Samaritano e Wal-Mart. Recebeu prêmio da ABRP pelo PEX – Projeto Experimental desenvolvido para o HCor – Hospital do Coração.

A área hospitalar apresenta grande demanda de comunicação devido à diversidade de públicos e à complexidade do segmento. O trabalho de comunicação em hospitais é relativamente recente e isso o torna ainda mais desafiador, pois ao criar um departamento de comunicação mudamos um processo institucional. Abaixo estão listados 5 desafios das relações públicas em hospitais:

1) Convencer os funcionários de que o que era bom pode ser melhor.
O primeiro processo é convencer os funcionários de que o trabalho que foi realizado por anos e funcionou sem a comunicação, agora pode ser melhor - unificado e coordenado por uma única área.

Como os desafios não param, além da dificuldade de instalar a parte estrutural na instituição, mudando uma cultura organizacional, há o desafio de entender o negócio. Afinal, o paciente é um público interno ou externo? Como fazer com que a comunicação atinja tanto os setores administrativos que trabalham em horário comercial quanto os setores assistenciais que têm profissionais atuando 24h, de segunda a segunda? Como lidar com a imprensa no caso de internação de um paciente notório?

2) O trabalho com o público interno na mudança da cultura.
Começando pela cultura organizacional, qualquer instituição tem em sua cultura o reflexo das pessoas e dos negócios em que atuam. Ao entrar em uma organização para trabalhar a comunicação como um processo, encaramos também o desafio de mudar uma cultura já enraizada e muitas vezes inflexível. Como as mudanças sempre causam incertezas, o resultado disso pode ser uma crise interna. O funcionário, sem entender o seu papel não se sente parte integrante da empresa e sente-se desmotivado, o que acaba refletindo nos resultados.

Aí que entra o papel essencial da comunicação interna que é voltada aos funcionários com o intuito de desenvolver o sentimento de pertencimento, estimular a integração, o diálogo e a satisfação no ambiente de trabalho. O auxílio das ferramentas de comunicação como: intranet, mural, revista, newsletter, eventos e no caso do hospital que tem funcionários trabalhando 24h, o envolvimento da liderança e o incentivo da comunicação entre pares, é essencial. A concretização de tais objetivos necessita coerência e transparência entre o discurso e ação organizacionais.

3) Trabalhar com saúde na imprensa e envolver médicos como porta-voz.
E como a base dos profissionais de comunicação é formada por reputação corporativa, identidade e imagem, a assessoria de imprensa é mais uma peça deste imenso quebra cabeça. O que divulgar para a imprensa sobre hospitais que em sua maioria são vistos como lugares desagradáveis, para gente doente? A saída é trabalhar com a saúde e não com a doença, há diversas formas de se prevenir como: check-up, dicas nutricionais, psicológicas etc. E neste caso é necessário que haja o envolvimento de outro público: o médico, que muitas vezes são renomados e com agendas lotadas. Neste caso o papel da comunicação serve também para conscientizar a importância de ser porta-voz e mais do que isso, utilizar este meio a favor da imagem da Instituição além da divulgação de seu próprio nome e trabalho.

4) Ter um bom processo no caso de internação de Pacientes Notórios
A assessoria de imprensa também é envolvida no caso de internação de pacientes notórios, que são os pacientes que tem potencial para gerar qualquer tipo de interesse por parte do público. Nestes casos a agilidade dos profissionais de comunicação é fundamental para evitar boatos e o Boletim Médico passa a ser usado como uma ferramenta de comunicação entre a instituição e os jornalistas.

5) Identificação dos públicos
Quanto aos pacientes, eles são considerados um público misto. Enquanto estão internados são considerados parte da instituição e participam das atividades internas, de acordo com as ações feitas para os funcionários. Este mesmo público futuramente se torna também externo e então nos dedicamos a levar a eles informações sobre prevenção e saúde, por meio de ferramentas como: cartas, e-mails marketing, internet, revista e newsletter.

Enfim, já existem ferramentas modernas de comunicação como TV corporativa, mídias sociais e on-line, mas a realidade é que alguns lugares como os hospitais, estão só começando a entender a importância do papel da comunicação e ainda precisam da fórmula básica das RP´s.

É diante desses desafios que o profissional de comunicação encontra grandes oportunidades de desenvolvimento. Claro que exige uma dedicação intensa e paciência, mas gera muita satisfação ao alcançar os resultados esperados.

9 comentários:

Alexandre 11 de dezembro de 2009 às 13:52  

Parabéns pelo texto.
Há um bom tempo conheço profissionais que já desenvolveram atividades na área hospitalar. Mas, com certeza, é uma área a ser amplamente estudada e explorada pelos profisionais.

Viviane Mansi 11 de dezembro de 2009 às 18:44  

Oi, Tatiana! Que legal saber que vc ficou no Hcor depois do PEX!!
Parabéns pelo texto. O setor de saúde como um todo (inclusive hospitais) apresenta grandes desafios para a comunicação estratégica.

Maria Alana B. de Oliveira 13 de dezembro de 2009 às 12:18  

Olá, Tatiana.
Parabéns pelo teu post. Também sou relações públicas e trabalho no departamento de marketing do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Por isso (por trabalhar junto à área da saúde), tenho certeza de que realizar a comunicação dentro de um hospital agrega muito aos serviços prestados por ele. Primeiro, porque, se bem feitas e planejadas, as ações de comunicação interna ajudam os funcionários a sentirem-se parte da instituição e compreenderem seus objetivos para o futuro, trabalhando para que eles sejam atingidos e incorporando os valores da empresa no dia-a-dia, que são refletidos para os clientes. Segundo, porque antes de receber treinamentos e diretrizes para executar seu trabalho, o funcionário precisa sentir-se valorizado, e num hospital, sabemos que a carga de trabalho pode ser muito pesada, devido ao tipo de serviço que se desempenha: lidar com pessoas doentes ou em fase terminal não é fácil. Por isso, as pessoas que trabalham na área da saúde precisam mais do que nunca de motivação, e esta tarefa está muito vinculada ao trabalho dos comunicadores.

Um abraço, Maria Alana.

Promove's 14 de dezembro de 2009 às 10:58  

Tatiana

Muito legal seu post, desde que entre na faculdade venha ouvindo falar da área hospitalar, mas pouco tenho lido.
É muito interessante, ainda mais pensando nos desafios que você deve ter vivido.
Muito bacana mesmo, parabéns pelo post!

Ju M Olinto
Equipe Promove's

Ocappuccino.com 14 de dezembro de 2009 às 11:07  

Obrigado pelos comentários pessoal.

Legal saber Maria que está no Moinhos, um hospital referência no Estado e que já percebi tem uma ótima comunicação.

MATEUS

Ricardo Moreira Leite 14 de dezembro de 2009 às 21:32  

Excelente texto. É muito interessante notar que os serviços de relações públicas são fundamentais a qualquer empresa, não importa em qual setor da economica esta se encaixe. Além desse desafio, cabe aos profissionais de RP mostrarem que "comunicar" é mais do que aparecer na imprensa ou emplacar alguma nota positiva. Comunicar é integrar, agir, desenvolver e estimular o crescimento da sociedade e das organizações como um todo.

Abraços,

Tati Santos 14 de dezembro de 2009 às 22:22  

Certamente aplico muito do que aprendi com a Vivi e o comentário da Maria certamente é um complemento do texto.
Obrigada pelos comentários e origada ao Mateus pela oportunidade de poder compartilhar com vocês um pouco desta realidade.

Thais Catucci 16 de dezembro de 2009 às 20:50  

Olá Tatiana,

Navegando na net descobri o seu post e me identifiquei muito, afinal hoje trabalho no Hospital Samaritano e já ouvi falar de você por lá!!!
Parabéns pelo conteúdo!! A área hospitalar é um grande desafio para todos nós!

Abraços,
Thais Catucci

Unknown 16 de julho de 2010 às 10:54  
Este comentário foi removido pelo autor.
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