segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Primeiro de Fevereiro.

Por Amanda Barrin, estudante de Publicidade e Propaganda da PUCRS

Hoje é um dia especial (e não é por ser meu aniversário) , é dia do publicitário. O dia mais que merecido desse profissional que se estressa muito, que não dorme, que esquece de comer, tudo em prol da propaganda brasileira e de seu próprio sustento, é claro.

Deixando as brincadeiras de lado, é o dia de um profissional que confunde sua história com a história da humanidade, que cria desejos, causa emoções e tudo em 30 segundos (ou em uma, meia, ¼ de página). O publicitário que planeja, que cria, que entende. São tantos os nossos papéis que só contemplo todos quando digo que comunica.



Eu sou apaixonada pelo que faço, me arrepio com cada boa ideia, choro com as propagandas do Zaffari, tenho um acervo enorme de propagandas que acho inteligentes no meu computador, vasculho coisas históricas, tiro conclusões, me orgulho quando dizem que a nossa propaganda é uma das melhores do mundo, sofro quando desvalorizam a capacidade técnica de nossos profissionais. A propaganda é minha vida. Ela me decepciona de vez enquando, mas sempre fazemos as pazes. Sinto-me privilegiada de ter nascido no dia do profissional da propaganda, e tenho a imensa certeza de que nasci para isso. Antigamente eu dizia que propaganda não vendia e ficava possessa quando teimavam comigo, hoje eu sei que vende, mas vende muito mais do que produtos, vende conceitos, ideias, paixões.

E por falar em ideia, a ideia inicial desse texto era contar a história da publicidade no Brasil, mas sinceramente, ao escrevê-lo, vi que era desnecessário. A própria publicidade conta sua história, através das realidades de cada época, então, nada mais justo de mostrar por que me apaixono a cada dia por ela.

Linha do tempo da Publicidade


A evolução da propaganda é algo evidente, primeiramente com público em grande parte analfabeto, os anúncios eram muito mais visuais, cheios de desenhos de impacto, na maioria das vezes de remédios de procedência duvidosa, que prometiam curas mirabolantes mais duvidosas ainda. Há um tempo atrás recordo-me de ver um blog cheio de propagandas para drogas, hoje ilícitas. Passado o tempo, a segunda guerra mundial, o desenvolvimento tecnológico e a modernidade chegam e com elas uma série de novos produtos que nunca tinham sido vistos, a publicidade então passou a ser explicativa, com textos enormes e argumentativos, que realmente convenciam as pessoas a comprar geladeiras, TVs, aspiradores de pó e assim por diante. Hoje a rapidez da pós-modernidade, a publicidade está mais enxuta. E assim ela vai se moldando a cada realidade, se adaptando, se reinventando. Escolhi algumas (poucas) propagandas, em geral as de TV, que demonstram bem essa característica.
Nessa época as propagandas eram únicas, desenhadas a mão. O engraçado é perceber as necessidades do povo, além da língua portuguesa antes das inúmeras reformas.

Esse anúncio do Modess (imagem à direita) é um dos que melhor retrata a modernidade. Ele praticamente ensina o quão mais prático, seguro e higiênico é usar um absorvente descartável. Graças a ele as mulheres são o que são hoje, até porque não haveria condições de trabalhar, sair, se divertir com uma toalhinha entre as pernas, mulher sofre.

Chico Válvula Presa

Na década de 60 já temos um incidência e influencia maior da TV, eu queria mostrar várias, mas não vou chover no molhado, porque cobertores Parahyba já tem um merecido destaque, Se você não viu procura no YouTube, porque vale a pena, digo o mesmo da estrela brasileira neste céu azul (uma estrela meio decadente hoje, mas que teve longos tempos áureos). Essa campanha de natal da Varig me fez gostar de jingles. Vou dar destaque a uma campanha que acho genial, mas que ficou meio esquecidinha, os vilões da Bardahl, a campanha foi tão boa que mereceu um remake na década de 80, o mais incrível foi achar essa campanha no YouTube (eu amo o YouTube), e viva ao Detetive Bardahl que acabava com todos os vilões que acabavam com seu carro.



Ficha técnica | Agência: Miller, MacKay, Hoeck e Hartung | Adaptação para o Brasil: Alcântara Machado e Denison | Anunciante: Bardahl | Produto: Óleo Aditivo

Duchas Corona, um banho de alegria num mundo de água quente

Esse jingle talvez tenha uma das histórias mais curiosas da publicidade. Teve um sucesso inegável. As vezes tomando banho, no meu chuveiro de marca concorrente, e canto o jingle sorridente. O fato é que a agência encomendou o jingle a Francis monte, um compositor da época, ele escreveu, mas a estaff da agência achou que não era bom e que mais parecia um comercial de sabonete do que de ducha. mas o compositor não se deu por vencido e levou a fita com o seu jingle diretamente ao presidente das duchas Corona, o resultado disse é um dos jingles chiclete mais bem sucedidos da história do Brasil.



Ficha Técnica | Cliente: Corona | Produto: Duchas | Agência: Marcel's | Produtora: Publisol | Composição: Francis Monte

Hitler - Propaganda Folha de SP

Essa propaganda foi ao ar nos anos 80 e é na minha opinião uma das mais inteligentes de todos os tempos. A simplicidade dela chega a me comover, e chego a conclusão que quanto menor a verba, melhor a propaganda. Feita por Nizan Guanaes sob os olhos cuidadosos de Washigton Olivetto não podia-se esperar menos dela.



Ficha Técnica | Título: "Hitler" | Agência W/GGK | Produto: Folha de S. Paulo | Anunciante: Folha da manhã | Criação e Redação: Nizan Guanaes | Direção de Arte: Gabriel Zellmeister
Direção de Criação: Washigton Olivetto | Produção/Filme: Chantal Marmor | Direção/Filme: Andrés Bukowinski | Fotografia: Felix Monte | Produtora: ABA

O tempo passa, o tempo voa...

O tempo passa, o tempo voa e esse comercial ainda é lembrado. A poupança Bamerindus pode não mais continuar numa boa, mas não pode culpar sua falência a falta de visibilidade de marca. vai dizer que você não tem uma tia que quando fala que você ainda ontem era um bebê não canta essa musica, ou simplesmente diz essas famosas palavras. Aí a gente vê o poder da propaganda, que perdura durante anos, mais mesmo que a própria empresa. A comunicação é eterna, por isso um erro pode ser fatal.



Ficha Técnica | Título: "O tempo passa, o tempo voa" | Agência: Colucci | Anunciante/produto: Bamerindus/Caderneta de Poupança | Criação do Tema: Walter Santos e Tereza Souza | Produtora/som: Nosso Estúdio | Criação para TV: Fernando Rodrigues e Milce Junqueira | Direção: André Bukowinski | Produção ABA Filmes

Em todas as épocas tivemos bons e maus comercias, uns bons sem resultado, outros ruins com resultado. As vezes não adianta um comercial ser mega criativo, se o público não captar a mensagem. Falando de propagandas internacionais, A Cadbury, cujo a conta pertencia a Fallon, teve uma propaganda premiadíssima, mas que não alcançou o sucesso desejado o que fez com que a agência perdesse a conta da Cadbury. Presenciei a própriadiretora de atendimento da Fallon admitindo isso diante de milhares de pessoas no MaxiMídia 2008. Eis o comercial para que vocês entendam.



Por fim, nem só de comerciais bons vive o mercado (vide cocô na casa do Pedrinho e guaraná Dolly). O importante é vender, mais que um produto, uma ideia um conceito, uma imagem.

A propósito, feliz dia do publicitário.

4 comentários:

Maria Amélia 1 de fevereiro de 2010 às 19:38  

Parabéns a todos os amigos publicitários!

Joyce 9 de fevereiro de 2010 às 11:25  

Ótimo post. Tbm sou apaixonada por propaganda (as inteligentes, é claro!. Sou do tipo que discuto, comento, divulgo e faço todo mundo parar tudo só pra analisar...Hahahaha Coisa de louca!!rs rs

Teteu 9 de fevereiro de 2010 às 11:32  

Foi com a Amanda que eu comecei a gostar das propagandas. Antes, nao hora do intervalo, sempre trocava de canal, agora eu espero para ver quais as novidades. Mas adoro ver o Reclame e o Na Hora do Intervalo, programas do MultiShow. Os dois ainda passam?

Guilherme Freitas 11 de fevereiro de 2010 às 23:10  

Muito bacana esse post com comerciais das antigas. As propagandas do Bamerindus era, egraçadas graças a musiquinha. A do Hitler é muito boa também, uma boa sacada. E a do Gorila é divertida, mas um pouco banal. Abraços

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