Perfil Sandra Gonçalves.
Por Mateus Martins, estudante de Relações Públicas da UFRGS
Professora Adjunta, área fotografia, da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade federal do Rio Grande do Sul. Mestrado e Doutorado na Escola de Comunicação da Universidade federal do Rio de Janeiro. Fotodocumentarista Social com trabalhos expostos em diferentes cidades do Brasil, bem como exposições virtuais: Sandra Gonçalves.
Ocappuccino: Como foi o primeiro contato com a fotografia e como foi o inicio da profissão?
Sandra: O primeiro contato com a fotografia se deu de modo informal: desde adolescente brincava com uma Olimpus Trip e obtinha imagens interessantes... Até então meu contato como a construção de imagens se dava através da pintura. Na faculdade descobri a fotografia como uma forma de expressão e desde então nunca mais a abandonei... A pintura ficou de lado, algumas vezes sinto vontade de retomá-la. Com o fotojornalismo o primeiro contato se deu através do Curso Bloch de Fotojornalismo, patrocinado pela extinta revista Manchete. Através de uma seleção rigorosa (prova teórica e prática) alguns eram selecionados; tive a felicidade de estar entre esses.
Ocappuccino: O que é o Núcleo de Fotografia da FABICO? E qual o seu papel no Núcleo?
Sandra: Do modo como o entendo é um espaço construído para a reflexão e prática da fotografia. Ações de extensão são freqüentes. O Núcleo oferece regularmente cursos de extensão que englobam diferentes gêneros fotográficos. Além disso, o Núcleo dá suporte técnico e apóia as práticas das disciplinas de fotografia. Como atividade relacionada ao Núcleo, tive a oportunidade de ministrar em 2008 dois Cursos de Fotojornalismo onde foi possível refletir o papel da imagem fotojornalística no contexto contemporâneo.
Ocappuccino: Como vê o advento e utilização de novas tecnologias na fotografia (maquina digital, celular com máquina fotográfica)?
Sandra: Esta não é uma pergunta de resposta fácil, requer um aprofundamento, uma reflexão consistente. De qualquer forma considero que, de uma maneira geral, a tecnologia é amiga do homem, vem para ajudar. Tudo vai depender de como vamos instrumentalizar as novas ferramentas. Acredito que o ato fotográfico, a tomada de imagem se dá, antes de qualquer click (digital ou analógico), no olho do fotógrafo, olho que engloba em uma mesma fração de segundo razão e emoção. Pode-se concluir então que o equipamento utilizado será apenas um formalizador de tal ato. No que diz respeito à democratização advinda com a tecnologia digital (possibilidade de um maior número de pessoas manusearem uma câmera fotográfica e produzirem suas próprias imagens), acho interessante. No campo profissional a tecnologia digital é hoje imprescindível. Na publicidade abriu possibilidades impensáveis na construção de imagens, tornando exeqüíveis os sonhos dos diretores de arte. No fotojornalismo, onde o valor velocidade é considerado positivamente (da tomada de imagem ao seu envio, tudo tem que acontecer o mais rapidamente possível), a tecnologia digital parece ter sido muito bem vinda.
Ocappuccino: Qual a importância da fotografia na formação do profissional de comunicação?
Sandra: Penso que a fotografia, o entendimento da imagem fotográfica enquanto representação imagética do mundo é de fundamental importância na formação do profissional de comunicação. Em primeiro lugar, vive-se hoje em imersão imagética e de modo a não nos perdermos nestas imagens, devemos percebê-las enquanto imagens! A fotografia concretiza um imaginário, principalmente na publicidade. Funciona como uma vivência imagética através do cartaz ou da emissão televisiva, daí a grande responsabilidade dos profissionais que a manipulam. No fotojornalismo corrobora o texto escrito através de sua pretensa objetividade. É fundamental que o profissional tenha consciência de sua responsabilidade frente às possibilidades dadas pelas imagens fotográficas. Para que isso ocorra uma reflexão consistente (ética, estética e técnica) durante o curso se faz necessária.
Ocappuccino: Qual sua opinião em relação a portais de compartilhamento de fotografias (flick, stockxpert) e os direitos autorais das imagens?
Sandra: Penso que muito provavelmente será o futuro de um tipo de fotografia se não seu presente! Em 2007 eram dois milhões de brasileiros a participar do flickr. Entretanto penso que a questão não é simples. O direito de imagem e o direito autoral fazem parte de uma sociedade onde a noção de autoria é valorizada, liga-se a uma idéia de individuo livre e autônomo. Enquanto existir como lei o direito autoral e de imagem (sem lei específica) devem ser respeitados. A questão é tão atual que agora em dezembro acontecerá no Rio de Janeiro na Escola de Comunicação da UFRJ, nos dias 15, 16, 17, o FÓRUM LIVRE DE DIREITO AUTORAL – O DOMÍNIO DO COMUM, em parceria com o Ministério da Cultura e Rede Universidade Nômade.
Ocappuccino: O que um fotógrafo necessita ter ou necessita ser?
Sandra: Como em qualquer profissão o fotógrafo deve ser um indivíduo ético, antes de qualquer outro atributo. Como fotógrafo deve ser um indivíduo atento ao seu tempo, ao seu entorno; comportar-se como um estrangeiro em sua cidade, o que o tornará atento ao cotidiano que, desta forma não se mostrará banal. Leituras, viagens, filmes, shows ajudam bastante a aguçar o olhar, extensão do pensamento.
Ocappuccino: Qual fotógrafo admira na atualidade?
Sandra: Minhas paixões fotográficas pertencem ao passado, mais precisamente às décadas de 30/40 do século passado. Posso citar alguns deles: André Kertész, Moholy-Nagy, Bresson, Doisneau, Brassai, Lee Miller... Da atualidade cito Evandro Teixeira, uma escola de fotojornalismo!
Professora Sandra com certeza é uma das melhores doscentes
da Faculdade e nos orgulhamos muito desta oportunidade
preciosa de realizar o Perfil com alguém que domina a
arte da fotografia e que nos passa paixão por esta
atividade a cada aula.
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