Há sempre uma Leviatã S.A.
Por Mateus Martins, estudante de Relações Públicas da UFRGS
Leviatã S.A., artigo escrito por Thomaz Wood Jr. e publicado na Carta Capital, ratifica o antigo conceito capitalista da mais valia (todo lucro tem seu preço): grandes corporações despertam paixões e catalisam a ira coletiva, demonizá-las é um velho hábito.
É verdade, pequenas empresas familiares, profissionais, órgãos públicos e ongs despertam somente certas doses de ódio, contudo, em grandes corporações, está em jogo sentimentos como paixão desmedida e ira coletiva. Neste caso, se houvesse uma lista, um ranking, das empresas mais odiadas do mundo, com certeza as ianques (Coca-Cola e McDonalds) liderariam.
Entretanto, hoje quem ocupa o primeiro lugar neste pódio é a Wall-Mart, com uma alta produtividade da mão-de-obra e exercendo um rígido controle da folha de pagamento (ou seja, funcionários que trabalham muito e ganham pouco), lidera todos os rankings referentes à vantagem competitiva.
Alguns críticos dessa gestão empresarial da Wall Mart afirmam que, para efeito de disciplinar os colaboradores, ela paga salário de fome, combate ferozmente a sindicalização, discrimina as mulheres, ainda aniquilam os competidores e oprimem os fornecedores. E essa disciplina tem um ônus, já somam em 8 mil os processos judiciais trabalhistas contra essa grande rede. Por isso também, a Wall-Mart onera grandes custos na contratação de advogados e Relações Públicas. Do outro lado, os admiradores ressaltam que os clientes sempre pagam valor mais baixo pelos produtos, que os fornecedores são obrigados a melhorar sua eficiência e qualidade e que os competidores são forçados a desenvolver sua gestão e dessa forma são beneficiados pelo processo.
O fato é que, parafraseando Thomaz Wood Jr., na ecologia empresarial há lugar para várias espécimes, até mesmo para os mais agressivos predadores (Leviatã). Porém, também os predadores necessitam se adaptar ao meio, pois um dia é o da caça e o outro do caçador. E mais cedo ou mais tarde, outro predador aparecerá para usurpar o topo desta cadeia.
Em suma, não há porque reclamar de condições desleais dentro do mercado, pois hoje é a Wall-Mart e amanhã pode ser a minha ou a sua empresa. E desse mesmo modo, a Wall-Mart precisa se adequar a realidade de sua gestão, para que não apareça amanhã uma nova espécime neste nicho e desbanque o seu trono.
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