terça-feira, 10 de agosto de 2010

RP’s do Brasil, uni-vos! É hora de assumir as mídias sociais.

terça-feira | 10 de agosto de 2010

Numa visão mais simplista, o livro As Novas Regras do Marketing e de Relações Públicas, de David Meerman Scott, pode parecer apenas um guia prático de como usar as mídias sociais para fazer a divulgação de seu negócio. Didático, ele entra em detalhes de como fazer um podcast ou como montar um blog. Vai recheando tudo com casos reais e interessantes. Mas acho que a pegada do livro é outra.

Scott, num estilo tipicamente norte-americano, começa de forma agressiva. Ex-VP de marketing da NewsEdge Corporation, ele introduz o texto criticando profundamente o que chama de velhas regras de marketing e relações públicas (lembrando que, de forma geral, para os norte-americanos, RP é o que aqui no Brasil chamamos de comunicação corporativa ou, para os mais velhos, assessoria de imprensa).

Para o autor, a partir de sua experiência executiva, publicidade e RP tradicionais são perda de tempo e, principalmente, dinheiro. Ele critica pesadamente as verbas estratosféricas da propaganda e, no caso da assessoria de imprensa, é ainda mais impiedoso, resumindo sua função a algo como implorar para os jornalistas que falem de seu negócio ou produto.

No ponto de vista de Scott, depois das mídias sociais tudo isto virou bobagem. Com pouco dinheiro e um pouco de boa vontade agora é possível para qualquer negócio passar por cima dos veículos de comunicação tradicionais e falar diretamente com o seu público final. Sim, ele tem razão. Hoje, graças à internet somos todos veículos de comunicação em potencial. Você, por exemplo, está lendo este texto que eu escrevi, a convite de Mateus, para Ocappuccino. Entre nós não há qualquer jornal ou revista. Apenas a web.

Mas o grande ponto do Scott – deixando de lado seu estilo advocatício de desqualificar o velho para valorizar o novo – é que o grande diferencial para quem quer usar as mídias sociais para fazer negócios é o conteúdo. Como este escriba, ele entende que não é publicidade que as pessoas procuram quando estão no Twitter, no Facebook ou quando pesquisam sobre uma marca ou produto na internet em geral. Eles querem saber a opinião de pessoas de carne e osso sobre o tema. Querem que estas marcas ou empresas lhes tragam conhecimento, informação.

Os próprios executivos do Twitter perceberam isto. A ferramenta, que antes estava posicionada como um espaço para comunicação entre amigos (com a pergunta o que você está fazendo) agora foca em notícias (com a nova questão, o que está acontecendo).

Claro, existem promoções muito interessantes que usam as redes sociais como base. Mas elas não se sustentam no longo prazo. Imagine uma empresa. Qualquer empresa. Agora pense que esta empresa decide falar com seu público por meio das redes sociais. Ótimo. Ela faz uma promoção que sorteia algo em troca de uma frase ou de mais seguidores. Legal. Depois divulga descontos com um código divulgado no Twitter. Ótimo. E depois? A não ser que haja promoções constantes, você vai continuar seguindo esta empresa para que? Sim, falta o conteúdo.

As marcas, empresas, corporações, precisam falar por meio das mídias sociais. Engajar seus consumidores. Vender suas mensagens. E, me desculpem, quem vai construir esta relação não é a publicidade, é a comunicação corporativa.

Sim, há espaço para o trabalho bem feito de propaganda digital que, entre outras coisas, vai utilizar as mídias sociais. Mas hoje, no Brasil, vivemos um momento de distorção, com agências de publicidade desenvolvendo conteúdo para ferramentas de comunicação corporativa na web 2.0. Ainda é tempo de corrigirmos isto. Pelo menos é o que espero.
_ _ _

8 comentários:

Bruna Teixeira 10 de agosto de 2010 às 12:14  

Ontem mesmo eu estava revendo as pessoas/organizações que eu seguia e, consequentemente, acabei deixando de seguir aquelas organizações que há dois, três meses lançaram uma promoção e depois não escreveram mais nada. Nenhuma informação, notícia legal ou frases para relfetir. Nada!

De fato, ainda faltam muitas organizações sacarem isso e, principalmente, nós, relações-públicas, nos posicionarmos no mercado.

Inclusive, ano passado escrevi um texto - para uma disciplina da faculdade - sobre redes sociais e justamente levantava essa questão: quem são os profissionais mais preparados para assumir essa área? Jornalistas, publicitários, marketeiros ou os relações-públicas - que são os profissionais que (deveriam) cuidam do relacionamento da empresa com seus públicos?

Parabéns, Guilhermo, ótimo post!

Karla Guimarães 10 de agosto de 2010 às 12:15  

Adorei o post!
Sou RP e me interesso bastante pelas mídias sociais. Concordo plenamente com a afirmação do Guilhermo, o grande diferencial é o conteúdo, empresas querendo ingressar nas redes sociais apenas por promoção gratuita tem aos bocados, porém, só se sobressairão as que verdadeiramente tiverem conteúdo que desperte interesse. Na verdade acredito até ser uma lei natural, assim como pessoas, empresas com discursos vazios não terão vez!
Parabéns ao Guilhermo e equipe do cappuccino por mais um belo post.
Abraço ao meu amigo Mateus!

Karla Guimarães
@karlaguimaraes
www.innovacomunicacao.blogspot.com

guilhermo benitez 10 de agosto de 2010 às 12:29  

Bruna e Karla,

Obrigado pelos comentários. O espírito é este mesmo. Marcas que usam as redes sociais apenas para "vender" não merecem nosso endosso. Vamos trabalhar juntos para mudar este conceito e encontrar o espaço de cada profissional nas web 2.0

abs.

Simone A. Palma 10 de agosto de 2010 às 14:16  

Ótimo post! Eu também li o livro (na verdade já faz mais de um ano) mas continuo percebendo os mesmo erros ainda sendo cometidos... mesmo quando se trata dos EUA!!! (Acabei de me mudar para São Paulo e há dois meses atrás não se via ainda o tal do PR 2.0 ainda na maioria das grandes empresas) Imaginem aqui no Brasil, então! Claro que o ambiente vem mudando mas mesmo assim acredito que ainda falta muito mais atenção no conteúdo. Espero que com a valorização do papel de SEO e SMO isto de vez mude a estratégia das empresas em relação ao verdadeiro valor de seus serviços/produtos. Mesmo porque não adianta nada ter um ótimo produto se ninguém o conhece, ou ter visibilidade mas não agregar valor, ou ter ótimo conteúdo e o serviço/produto em si não vender por ser ruim. É logicamente uma coisa ligada a outra.
Abraços.

Cristina 10 de agosto de 2010 às 18:10  

Muito bem trabalhada esta temática.
Conteúdo, este é o segredo do sucesso nas mídias sociais.
Comunicação dirigida em plena rede, porque as pessoas se reunem em torno de interesses comuns.
Conheço algumas blogueiras "donas de casa" que estão sendo porta vozes da Natura, da Avon, com seus espaços que trazem conteúdo estritamente voltados para o universo feminino. Elas são formadoras de opinião e algumas empresas já perceberam isso.
Cris - RP SP

Fernando 10 de agosto de 2010 às 20:07  

Post muito lúcido. Acredito que há ainda muito a se aprender em termos de mídias sociais aplicadas à comunicação corporativa. É preciso ajustar o foco, encontrar o tom e medir o alcance permanentemente. Vale observar que é risível, ficando no mínimo, ver empresas que resolvem ter twitter, orkut, facebook etc só pra constar.

Tati Santos 10 de agosto de 2010 às 21:33  

Muito bom o texto. Concordo plenamente que falta conteúdo para que as marcas se sustentem nas redes sociais. Porém, concordo que ainda há tempo de mudar... eu também espero.

Tatiana Rassini 16 de agosto de 2010 às 17:41  

Achei esse texto de uma felicidade ímpar!
Não adianta fecharmos os olhos para a nova realidade de relacionamento que surgiu entre as pessoas! E as empresas que não se adaptarem a isso, estarão definitivamente fora do mercado em pouco tempo!
Ah, em tempo, os profissionais de RP e Marketing que não se conscientizarem disso, tb ficarão de fora viu?
Besos

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