quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mais responsabilidade, menos social.

quarta-feira | 9 de junho de 2010

Neste último sábado, dia 5, foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. E com ele, obviamente, fomos cercados de dados, informações e, claro, anúncios publicitários que enalteciam as ações de diversas empresas sobre a preocupação verde. Todas querendo exclamar o quanto se importam e pensam na preservação mundial. Seja com anúncios, tweets, eventos ou brindes, todas de alguma forma tentaram mostrar que lembraram da data e o quão engajadas são.
Mas será que de fato estão fazendo tanto quanto poderiam, ou quanto deveriam?

Quando o termo responsabilidade social passou a ser obrigatório nos quadros de missão, visão e valores das empresas, ainda não era tão necessário quanto agora. Eventos incríveis são realizados para mostrar que a empresa X fez o plantio de mais de mil árvores, ou que passou a ter uma frota de veículos que poluem menos. Mas o contrato impresso para realizar tal atividade não era de papel reciclado. A pessoa que transcreveu o documento bebeu 5 xícaras de café naquele dia, e, em cada vez, utilizou um novo copo plástico. E ao sair para almoçar, esta mesma pessoa deixou o monitor do computador ligado inutilmente por mais de uma hora.

Será que essa empresa realmente está preocupada com sua responsabilidade social?

Não que isso seja uma regra. Porque eu acredito e conheço cases que comprovam por a + b que algumas organizações estão fazendo sua parte, como é o caso do ex Banco Real ( agora Santander Brasil). O Banco ainda possui práticas voltadas para a sustentabilidade e mantém os resultados atualizados no site. Tenho minhas dúvidas e desconfio que, na verdade, essa pode ser uma exceção.

E na real, não é necessário fazer ações gigantescas e mirabolantes (a menos que a sua condição financeira permita isso), mas agir com pequenas atitudes. Por exemplo, para grandes empresas que utilizam voos particulares, o transporte aéreo internacional responde por entre 2% e 3% do conjunto das emissões de gases de efeito estufa. E há previsões de que para 2050 possa chegar a 15% se nada for feito. Ou quem sabe, como dito acima, trocar os velhos copinhos plásticos do café por xícaras! Uma ideia que vai ser refletida inclusive nas despesas da empresa.
É possível, e muitíssimo importante, envolver os funcionários e incentivá-los às caminhadas ou ao uso de transporte coletivo. Sei que em alguns casos isso é impraticável, mas se você e seu vizinho vão para a mesma direção e você está de carro, dê carona a ele. Não vai custar nada e você já estará colaborando para o meio ambiente. Ou então fazer um programa que fale sobre a questão de jogar o lixo no chão. Principalmente os motoristas, que normalmente passam o dia inteiro na rua, tem esta terrível prática. E se uma pessoa que passa na rua e vê o sujeito dentro de um carro - que está adesivado com o logo da empresa X- fazer isso, o que ela vai pensar? Que o cidadão teve uma péssima atitude ou que um funcionário da empresa X tem uma prática horrível?

O que busco com esse texto é reforçar a reflexão em cima da imagem e da ressalva ecológica. Trabalhar essa questão ecológica não é errado, inclusive na comunicação, em especial nas Relações Públicas, temos este conhecimento e competência para colocar este discurso em prática e cada vez mais forte. Mas já está mais do que na hora de entender que a prática deve ser uma obrigatoriedade para a organização e não só para um departamento. O benefício irá ser próprio: um ar mais puro, por exemplo, que dará a chance de ter funcionários sadios, que irão produzir muito mais e, consequentemente, gerar mais lucro. Então porque não começar agora e de forma completa?

_ _ _

5 comentários:

Vane Gomes 11 de junho de 2010 às 09:52  

Oi Fernanda, tudo bem!
Legal este post, porém acho que são duas coisas diferentes. Muitas das atitudes que tu descreve no texto acima tratam-se de uma postura pessoal e não de uma prática empresarial. Dar carona e usar nemos copinhos de café são atitudes que devem ser disseminadas, ceramente, mas não é responsabilidade da empresa. E, falando por experiência própria, por mais campanhas internar de conscientização que a empresa faça ela não tem gerência sobre as atitudes de seus colaboradores. Agora, quanto a divulgação das ações sustentáveis que uma empresa pratica, eu sou completamente a favor da divulgação. Pois, além de contribuir para a melhoria da imagem institucional da Companhia, ainda serve de exemplo para as concorrentes... Acredito que, independente do motivo da divulgação, o que vale é o resultado. O tema Sustentabilidade está cada vez mais na pauta das grandes corporações e das médias e pequenas empresas também e isso é motivo de comemoração para nós da área sócio-ambiental.

Fernando Alves 11 de junho de 2010 às 11:20  

È isto aí Vane, concordo com você. Porém, devemos ter em mente que para mudanças no ambiente corporativo, precisamos antes investir na educação e provocar a motivação dos indivíduos.
Parabéns pelo Post Fernanda.

Vane Gomes 11 de junho de 2010 às 15:32  

Claro que sim Fernando! Foi isso mesmo que eu disse... O que disse é que as atitudes dos colaboradores nem sempre podem ser mudadas. A empresa onde trabalho, por exemplo, atua forte nesta área de coscientização, mas os resultados são muito pequenos. Quando lidamos com comportamento corremos o risco de falar para as paredes. E isso a empresa não consegue gerenciar (infelizmente). Mas deve ser feito, sou muito a favor das campanhas, incentivo e pratico no meu dia-a-dia profissional.
Abraços,
Vane

Ocappuccino.com 11 de junho de 2010 às 20:40  

Pessoal. Como sabem essa conscientização é parte da cultura da empresa. Podemos sim atuar neste sentido de implementar ações de 'sustentabilidade', mas sem forçar a barra pra não sermos tachados de 'eco chatos'. Acredito que nas 8 horas diárias em que o funcionário está trabalhando, a empresa pode sim além de educar, cobrar ações mais 'legais', até mesmo no caso de funcionários externos, como motoristas, terceirizados, etc. Inclusive aquele adesivo nos carros de empresas 'Como estou dirigindo?' acredito que seja uma forma de mensurar realmente qual o comportamento do empregado quando está dirigindo a trabalho. Pois respeitar as leis de trânsito também é uma forma de relacionamento da empresa com a comunidade e se configura numa atitude 'responsável'. Mas concordo com a Vane, é difícil conseguir está conscientização, mas é preciso buscá-la.

abraços
Mateus

Fernanda Fabian 11 de junho de 2010 às 21:46  

Olá Vane e Fernando:

Primeiramente, muito obrigada pela visita e pelos comentários. Acredito muito que esta é uma discussão necessária, e deveria ser comum, e não tratada apenas como 'modismo' como acontece muitas vezes.
Dou continuidade as palavras do Mateus, é fato que passamos mais tempo no nosso trabalho, com nossos colegas do que na nossa casa com nossa família. Então, acho que é importante partir das organizações a criação de uma cultura de reeducação ambiental para seus funcionários.
Já trabalhei em projetos internos deste tipo e sei o quanto é difícil, ainda mais quando se está no nível "sempre foi assim, porque mudar?". A empresa não tem como controlar, cobrar, mas pode fazer a sua parte. As sugestões que coloquei, como o do copo, foi algo que presenciei, e foi muito dificil fazer com que as pessoas entendessem a importancia da troca. Mas acho que melhorou quando mostramos o quanto prejudica a natureza o descarte de tantos copos. E é assim com criatividade e muito planejamento que se consegue ao menos tentar mudar as coisas.

Quanto a divulgação das ações, não sou contra, acho que é muito válido. Faz parte das estratégias de comunicação. O que acho errado é a questão "batida" de ter muitas que falam mais do que fazem.

Bom, mais uma vez agradeço os comentários, qualquer coisa podem entrar em contato. =)

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